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Mostrando postagens de dezembro, 2009

O QUE NÃO SE PODE PESAR

Semana retrasada, eu ia dizer qualquer coisa a Aprígio, quando finalmente resolvi que o silêncio era melhor. Lembrei de alguma passagem na Bíblia que diz que o sábio não joga conversa fora. Não é que eu me ache sábia, sabe Zanza, mas é que não sei por que veio de algum lugar de dentro da minha cabeça, isso que considero como uma iluminação. Por que não? Pois bem, Hilário, aquele meu primo do qual lhe falei, foi me procurar lá em casa. Um abraço e tanto, até me beijou no rosto, duas vezes, com tanta avidez, que naquele momento senti que ele gostava pra valer de mim e pensei comigo mesma: É com ele que vou abrir meu coração. Você sabe... Essas coisinhas que a gente fica guardando esperando a pessoa certa pra contar, né Zanza? Comigo a coisa funciona assim: cada amigo tem uma particularidade. Tem daqueles que conto uma coisa, tem deles que eu conto outra. Como é que eu sei o que devo contar o que e a quem? Olhando a pessoa por dentro, mulher! Eu acho até que é um dom que eu tenho. Não gos

SOBRE CASAS E PESSOAS

Foi aqui onde ouvi o tamborilar da chuva no telhado. Antes, uma ventania daquelas que anunciam que vai chover, espalhou poeira fininha sobre mim e sobre as coisas. Limpou as telhas, derrubou as aranhas caseiras e suas teias e sujou a casa. A casa. Essa, com porta de entrada bem alta, pintada de verde bandeira. Essa, cheia de quartos, corredor, cozinha, quintal e meninos barulhentos. Estou diante da memória que tenho dela, e assim a salvaguardo dentro de mim, pois que já não existe desse jeito. Mudaram-se as coisas e as pessoas tomaram rumos diferentes. O cheiro forte do cigarro de palha de José espalhou-se no tempo e diluiu-se dentre outros cheiros. Não tem mais quem o fume. José morreu esse ano, assim, de repente, e levou consigo aquele cheiro insuportável que enchia a cozinha. Velho enxerido e cheio de saimentos, nem pensei que fosse ter saudades dele, mas sinto. A sua intrigante presença me faz falta, porque perdi de quem sentir a raiva costumeira, viciada, alimentada por mim, eu me