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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

"Santo Anjo do Senhor, meu Zeloso Guardador"

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Lucubrações de Isadora... Para melhor visualizar clique no desenho

Carta à minha avó

Mãe Tina, hoje eu acordei com saudades do seu quarto escurinho, do seu guardarroupa, que eu fantasiava e o enchia de mistérios, do seu cheirinho de Musk, aquele perfume que a senhora literalmente derramava pelo corpo todo, das nossas conversinhas miúdas e de pé-de-orelha, de tanta coisa, que me dói e ao mesmo tempo me faz sentir premiada. Escrevo para avisá-la de que o meu tempo chegou: vou ser a avó de Isadora, e diante desta nova fase em minha vida, tenho me lembrado da senhora, muito mais do que sempre lembrei, desde o dia que deixamos de nos ver. Tudo é lembrança: os dias de domingo, os seus passinhos rápidos, andando sobre o passeio das praças, o terço envolvendo uma das mãos, junto com a echarpe, o missal, o tubinho azul-marinho do apostolado, sapatos de salto baixo, mas de salto, os olhos miudinhos e sempre adivinhos, saídos da missa matinal. O seu menor afastamento de casa me causava saudade. Era como se à sua saída, a condição da alegria também se ausentasse. A senh

Conversinhas com o anjinho da guarda

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Isadora, a menininha e o seu daimon do-pé-pra-trás Platão, no Mito do Er acreditava que nascemos e trazemos conosco o que ele chamava de daimon : o portador do nosso destino. É ele quem nos guia. Minha avó gostava de usar o termo: 'Do-pé-pra-trás',quando se referia às pessoas que viviam a vida a seu próprio modo. Entendia-se de imediato, que seus caminhos, suas atitudes, eram diferenciadas, por vezes até consideradas destrambelhadas. Tais pessoas, desconstruíam noções preconcebidas e formalizadas pelas regras da 'normalidade' social. Reverencio e torço para que o daimon, o genius , o anjo-da-guarda de Isadora, seja um desses do-pé-pra-trás, porque, certamente será sua inspiração. E junto a ela, a conduzirá pelos caminhos da sua própria individuação.

Contextos carnavalescos

Palco armado no centro da cidade, a banda iniciou a festa tocando marchinhas. Mal os músicos interpretavam a terceira música, algumas pessoas já acenavam pedindo que elas fossem substituídas pelas de forró. Diga-se, aquele que nada mais é do que restos simbólicos da nossa cultura. Barulho ensurdecedor, sons instalados em automóveis que nos estremecem por dentro, indefinição de ritmos, invasão da privacidade alheia, são algumas das situações observadas nos dias de Carnaval, onde cada um faz a sua festa particular. Foi-se o tempo em que os festejos carnavalescos uniam pessoas em torno de ritmos que traduziam a animação cadenciada do frevo ou das escolas de samba . Pelo menos é a tendência registrada nas cidades sertanejas alagoanas, o que supõe sua reprodução em outras regiões, dentro e fora de Alagoas. Na confusão total, ouve-se de tudo e presencia-se falta de bom senso, seguida da demonstração de falta de educação, desrespeito pelos outros. Instalados e

Carnaval e fantasia: máscaras que desmascaram

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As ruas do centro de Santana do Ipanema estão todas enfeitadas. As tradicionais marchinhas carnavalescas ecoam pelos locais por onde passam os transeuntes. Nos próximos quatro dias, a gente que gosta, aproveita para ser outra. A personalidade dionisíaca, sufocada durante os outros 362 dias do ano por condutas exigidas pelas convenções sociais, finalmente afloram. Tomados pela alegria, feito uma loucura contagiante, a maioria, nos tornamos sacerdotes bacantes, introduzidos no cortejo de deuses alegres e despreocupados, égides do berço da civilização ocidental. É assim que, sempre que penso no espírito que norteia a multidão de foliões, me vêm à cabeça as festas regadas a vinho, sob os desígnios do deus errante, cujo séquito era composto de figuras dotadas de inúmeros dons. É como se Dionísio nos visitasse, pobres mortais, nos guiando por caminhos libertários e nos livrando, ainda que por tão poucos dias, do peso da nossa própria condição de habitantes, de u

Na fila de entrada...

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Enquanto ela não chega, me divirto criando imagens

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Desenhando Isadora...

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Um presente da Lua

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Desenho: Goretti Brandão

Surpreendente! Menininha é encontrada dentro de um aquário!

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 Lunar, o feminino em Isadora aumenta o número de mulheres que iluminarão o mundo  A imagem se projetou na tela. De costas para expectadores ansiosos, eis que a criança queria preservar-se. Avós, tias, o pai e a mãe, esperávamos descobrir de quem se tratava aquele pequeno ser, dentro do aquário mais sagrado do mundo: o ventre da mãe. Deveríamos ter logo percebido que se tratava de Isadora, a menininha, a se esconder, propícia aos caprichos dos seus próprios mistérios. Coisa atribuída às mulheres. Assim somos, acusadas de incompreensíveis e impenetráveis, porque vivemos o mundo das sutilezas e da subjetividade. Não é a toa que a uma pergunta dirigida a nós, respondemos sem responder, sempre fazendo outra pergunta. Se alguém nos aborda, por exemplo: - Quem temperou este peixe ? A gente responde perguntando: - Por que? Ele não está bom? Um, dos tantos aspectos, da natureza feminina. Isadora cresce no mundo da mãe, e dentro dele, se prepara para chegar