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Mostrando postagens de setembro, 2012

À poesia alagoana, a música de Mácleim

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A costura poética da arte alagoana  CD Esses Poetas - Gravado no Estúdio Carioca - Rio de Janeiro/RJ, 2007 Lançamento: 19/09/2012 Capa do CD A primeira vez que Mácleim pisou em um palco formatado para espetáculos foi na época dos Festivais Universitários. Foi o Teatro Deodoro, o ventre que concebeu a sua vocação e sua meta. Mas, se for para falar em trajetória, foram os idos anos 70 que o introduziram na música, quando ainda adolescente se apresentava em grupos de baile. Da época dos vinis e com o maior prazer, o artista tem a felicidade de ter uma música no antológico LP do III Festival Universitário de Música (D.C.E. UFAL). Em seguida, o grupo Beira Banda da Lagoa, do qual era integrante, gravou um Compacto Duplo, com uma canção sua. Mácelim tem 3 Cds lançados. Dois deles na Europa. Pananbiverá (1998), lançamento do selo francês Bongo Records e Internet Coco (2001), pelo selo suíço Soluar. Ao Vivo e Aos Outros (2006) foi um lançamento independente, pelo selo Bat

Só para doer mais

O menino olhou tão tristinho pra mim, que na mesma hora tive um desejo daqueles bem grandes de chorar. Contive as lágrimas, mas Dorinha é uma danada pra dar ênfase a coisa triste. Deu um daqueles suspiros cortados pela metade, na frente dele. "Coitado desse menino!" Não faça isso com ele, mulher, eu disse a ela, que me olhou meio como se eu fosse o desmancha 'desprazer' em pessoa. Mas ela sabia o que eu queria dizer com aquilo. E aí eu disse de outra forma, fazendo de conta que tinha acreditado que ela não me havia entendido: _ não atice os sentimentos do menino, que isso não é bom pra ele e você sabe. Aliás, não é bom pra ninguém, ficar tendo a dor alfinetada só para doer mais. Falei em voz baixinha pra ele não ouvir. O chão da sala de jantar, onde ele brincava, estava cheio de heróis de plástico espalhados. Procurei, e nem sei como, por ximbras entre os brinquedos. Foi como uma saudade que chega de vez e toma a gente de assalto. Lembrei do meu irmão mais velho

A senhora sabia, mãe?

Cheia de prato, a pia.  Seu Orlando, aqui do lado, trocou o madeiramento do telhado todinho. Isso é astúcia de cupim, comendo na casa dele e na minha. Comendo a madeira da rua toda. Canso só de olhar esse monte de prato sujo. Por onde começo? Pelos talheres, não. Odeio passar a esponja  ensaboada pelos garfos e colherinhas. Odeio repetir tarefa de todo dia. Sinto falta de alguém chegar pra mim e dizer: "Que belo trabalho, Violeta!". Não há quem o diga. Tarefeira é o que eu sou, essa palavra existindo ou não no dicionário. Custa-me aceitar que todo o santo dia, fico aqui, lavando pratos. Ofélia me disse que um dia desses estava nesse ofício, e ouviu uma voz dizendo bem baixinho no ouvido dela: "Lavando prato sempre..." Teria a ver com a nossa sina de mulher? Ela me perguntou. Não. Achei que foi coisa de voz de desdenho, eu disse. Mas, se tivesse sido comigo o que eu teria feito? Pernas, pra que te quero? Seria uma carreira só. Uma vez, Alvinho chegou lá na casa da