Isadora, Isa, Dorinha...

Tempo de chuva, Didinho meu irmão, em menino, encheu uma sacola de sapinhos e despejou-os dentro de casa. Foi um rebuliço.

Deitada no cimento frio, a menina imaginava que colocando uma cadeira sobre outra, muitas, subindo, subindo, chegaria nas nuvens. 

Lilice tinha como certo, que os ovos já saíam cozidos da galinha, e que seu olho esquerdo enxergava mal, por se tratar de estar no lado esquerdo e ela ser destra.

Bruninho, sobrinho da minha cunhada Waldirene, me avisou muito sério, que a sua galinha tinha parido um ovo. 

E Guigo veio me dizer surpreso, ao ver a vizinha, moça-velha, com um bebê nos braços : "Mamãe, Lu deu cria!". 

Lelo, tomou uma colherada de lambedor de hortelã, para acalmar a tosse, e exigiu que se colocasse mais em um prato. Queria tomar igual a como se toma sopa.

Thaminha ocupava a sala de visitas, lá em casa, onde a nossa infância reinava absoluta, e dava aulas diárias às suas bonecas, que sentadas no chão, entediadas, queriam brincar de outra coisa. Tinha mesmo era que ser professora...

Hora do crepúsculo, entramos eu e Helvinho, meu irmão, na Rua da Frente.  O sol declinava pintando a abóboda celeste com raios alaranjados. Surgia o astro iluminado em seu lugar. Pequeno ainda, ele exclamou radiante: "Gogó, veja que coisa linda: a lua rasgando o céu", e me explicou que ela era brilhante, porque um anjinho havia passado manteiga.

Lethícia, diante de alguma coisa para ela incompreensível ou censurável, balançava a cabecinha e dizia: "Ave Nalía!!!"

Didada perguntou à mãe, se a pressão alta da sua avó, era igual à pressão da panela que chiava no fogão.

Elisa, minha professora em uma animada brincadeira de faz-de-conta onde trocamos de papel - eu, criança e ela adulta -, foi me aplicar um corretivo e quebrou o meu dedo mindinho. Depois de passado o susto, ficou se sentindo cheia de poder por causa do seu feito.

Eu, menina, ficava apreensiva quando ouvia as pessoas usarem a expressão: "Última moda" (Então o mundo vai acabar? Eu me perguntava...).

Khevyn me perguntou onde Deus morava, e feliz da minha resposta, satisfeito, apontou para os céus exclamando: Olhe ele ali, rabeando!!! Porque aos seus olhos infantis, certamente, Deus tinha calda e se movia nos ares, que nem as pipas. 

Isadora, Isa, Dorinha... O que é que essa menininha vai fazer para a gente contar?



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