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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Bordadeira

Céu de nuvens e o azul esmaecido, imenso, sobre a minha cabeça. O mundo gira perseguindo o meu destino, e eu a tecer-me de um único fio que serpenteia, à pirueta ancestral de outros bordados. A minha sina é a de ser bordadeira, dando ponto, à extensa toalha, de fazer da vida arte. Tenho, por fim, que bordar. Pede-me o cansaço que eu seja ao universo a auspiciosa viajante, E que fuja da fatigante tarefa, como laçada de crochê, que escapou da agulha e dos dedos da artesã, renegando o bordado. Mas eu, que já nasci presa ao meu fio, bordo cabriolante, à dor e à alegria, fincando meus pontos no mundo.

Curiosidade

No silêncio desta manhã Escuto a conversa das flores ao pé do muro. Conversa de flor é sobre como abrir pétalas e florir É como se faz suave sobre si, o pouso das borboletas e o orvalho da noite. Arvorejo-me, disfarçada à escuta, para saber sobre a flora. Tagarelice de muita flor junta é sobre cor e perfume. Se há muito perfume e muita cor. Senão é sobre arredores, matinhos e insetos. Da esquina vejo um muçambê que me vê. Afoito que nem eu, penduculado, humaniza-se, querendo saber sobre mim.
Quietude. O dia começa nublado. A manhã cheira a hortelã e boldo do México e a minha muda de trepadeira de belas flores azuis, cresce vertiginosamente. Caminho pelas ruazinhas dentro dos muros da minha casa e tudo é tão verdinho e cheio de vida, e tudo também carrega tanto mistério... Olhei demoradamente para a Via Láctea, ontem à noite, e pensei sobre a imensidão do cosmo, sobre outras galáxias... Grandioso mesmo é tudo o que nos cerca. Imensa e inexplicável é a minha ideia de Deus!

Por associação

Do botão à flor, da lagarta à borboleta do bambuzal no meio da viagem, à viajante paisagem que enfileira pensamentos. Um casebre com janelas desleixadas corre pelos meus olhos, também, aquelas duas mulheres. Pensando bem, não eram duas. Eram três,  e vinham ao sol, com sombrinhas coloridas. Lembrei das minhas quatro gueixas de delicada louça, tocando seus instrumentos, e cenas do cinema japonês. Em uns cinco filmes. Eu preciso é de um sofá, de Ozu e Hore-eda