Buraco Negro
O desejo de amor quer um canto para dois e planeja seu próprio universo. E à vontade de que passe a existir, cria na própria desordem uma ordem binária de zero e um. Navega-se sem barco, o leme inventado invertido, sobre um denso mar de palavras essa tela de letras, em estrangeiros países de dramáticos sentimentos. As frases dialogam e são apagadas, Os traço de suas rotas evaporam. Que teclado inútil, que nem à memória dos toques seus afetos sobrevivem. Sobre os navegantes, a regra: nunca, nunca, haverão de se encontrar. Não há lugar a chegar como na dança de Maia. Ilusão que à impermanência de um pequeno planeta, um só gesto o exclui. Onde, únicos, pensam sim ou não apenas, sempre à beira de um noves fora. Um. Que traga para o que é coisa alguma, o que bem poderia, não sendo zero, ser tudo. Eis-os, então. Navegantes, de uma mesma soma incompreensível Dois, sozinhos em um buraco negro.