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Mostrando postagens de junho, 2009

Jornalismo: O que fazer agora?

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Eis a pergunta que tenho feito a mim mesma, e que lanço como estranhamento, aos senhores (des)respeitáveis jornalistas. O que faremos com o nosso canudo? Que confusão é essa? O que justifica o fim da obrigatoriedade do diploma para uma profissão? No dizer de Gilmar Mendes, a arte de cozinhar e a arte de escrever, são duas funções comparáveis. Engraçado! Qualquer pessoas que saiba escrever, pode mover a palavra. "A palavra é para dizer". Há que se respeitar o direito à palavra. Respeitar a opinião de cada um, "conceder" o direito de dizer, diz respeito direto para questões que envolvem a liberdade de expressão. Ah, sim! Qualquer pessoa que se digne a escrever sobre qualquer coisa, pode ser tão jornalista, quanto aquele que aprendeu a técnica para sê-lo. A começar pelo princípio: o que será do lead, aprendido na faculdade? O que será das disciplinas: filosofia, sociologia, psicologia, teoria da Comunicação, Artes Visuais? Que importância terá a nossa noção humana e so

Conto para um dia de chuva

O lugar onde a mulher se encontrava não era grande nem pequeno. Era uma sala retangular, aconchegante, mas, naquele exato momento, ambos, o lugar e a mulher, se mostravam sombrios. Do lado direito da porta de entrada, hirsuta, cheia de livros e cd's, deixava-se entrever, uma estante de madeira. 'Madeira de primeira', como teria dito o seu pai, se fosse vivo e se ali estivesse. Diria com uma voz de sentença, de última palavra, palavra de quem manda em tudo. Ninguém se atreveria a dizer o contrário: madeira de primeira! Por alguns instantes, a lembrança viva daquela voz de autoridade, causou-lhe um mal-estar medonho. Ainda do mesmo lado, dentro da sala, havia um amplo birô, com tampo de vidro, e sobre ele, um calendário, papéis espalhados, uma luminária e o retrato do dono da casa. 'A casa também é minha', pensou Isaura, ainda que duvidasse das próprias palavras, enquanto percorria o olhar sobre os objetos. Resolveu então mover-se e caminhou temerosa até o fundo da sa

EROS X RELACIONAMENTO

Dia dos namorados... Deixemos as compras e a efusividade de lado e observemos os casais e as suas expectativas. Nessa data, 12 de junho, Cupido, o deus mais antigo do Olimpo, e, paradoxalmente, o mais menino de todos os deuses, é reverenciado. Com ele, reproduz-se a ilusão do amor romântico. Aquele amor, tal qual Shakespeare, à moda da literatura romântica ocidental, fez-nos desejosos de viver, como em Romeu e Julieta. Quem não conhece a história de amor entre os dois apaixonados da cidade de Verona, na Itália? Pois bem. Aí paramos nós, os que nos envolvemos, coletivamente, na "apaixonante" idéia do amor. O dia dos namorados é uma boa ocasião para refletirmos sobre a espécie de amor que buscamos. Que tipo de relacionamento queremos e julgamos precisar. Precisamos, acho até, que urgentemente, atentarmos para o fato de que o amor, assim, romântico, perfeito e certinho, e tão procurado, não está dando certo. Na verdade, o modelo coletivo do amor, é inalcançável. Estamos procuran

PLENITUDE

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Chovia. Meu pai levantou-se da cama, e passou assobiando pelo corredor da casa em direção ao banheiro. Os pingos da chuva tamborilavam rítmicos, quando o sino da Igreja Matriz começou a tocar. O cheiro do café coado invadiu a casa e Analice se pôs a cantar com suavidade uma canção que falava em estrelas que haviam percorrido o céu em busca de outros mundos. Pulei da cama. Outros mundos! Essas coisas me exigiam aprofundamento e continuidade. A idéia de outros mundos, tornava o meu, reduzido e vulnerável, a mercê de catástrofes e invasões vindas do espaço. Àquela época os marcianos começavam a povoar o imaginário popular. Marte surgiu como um dos outros mundos habitados. Olhar o céu deixou de ser apenas olhar o céu. Eu vasculhava entre a lua e as estrelas, naves espaciais e a possibilidade de esclarecer mistérios. Apareceram as grandes dúvidas existências, em perguntas meio assustadoras, que povoaram a minha cabeça, de quem sou eu, de onde vim e para onde vou. Em casa, as pessoas emitiam