Jornalismo: O que fazer agora?


Eis a pergunta que tenho feito a mim mesma, e que lanço como estranhamento, aos senhores (des)respeitáveis jornalistas. O que faremos com o nosso canudo? Que confusão é essa? O que justifica o fim da obrigatoriedade do diploma para uma profissão? No dizer de Gilmar Mendes, a arte de cozinhar e a arte de escrever, são duas funções comparáveis. Engraçado! Qualquer pessoas que saiba escrever, pode mover a palavra. "A palavra é para dizer". Há que se respeitar o direito à palavra. Respeitar a opinião de cada um, "conceder" o direito de dizer, diz respeito direto para questões que envolvem a liberdade de expressão.

Ah, sim! Qualquer pessoa que se digne a escrever sobre qualquer coisa, pode ser tão jornalista, quanto aquele que aprendeu a técnica para sê-lo. A começar pelo princípio: o que será do lead, aprendido na faculdade? O que será das disciplinas: filosofia, sociologia, psicologia, teoria da Comunicação, Artes Visuais? Que importância terá a nossa noção humana e social no mundo contemporâneo? O que será do senso crítico, direcionado, que foi aprendido, conhecido e nos possibilita um melhor discernimento, quando se trata de comunicação social, propriamente dita? E o compromisso com informação? Na verdade todo estranhamento é no mínimo patético.

Aliás, se olharmos bem, desde quando podemos exercer, com dignidade e lisura, a nossa profissão? Aos jornalistas que já conheceram as redações, que já trabalharam ou trabalham em TV e em outra qualquer mídia hegemônica, sabe que no fundo, a palavra NÃo é para dizer, porque outras palavras, vindas daqueles que detém os meios de comunicação, são impostas no exercício da profissão. "Coincidentemente" os donos desses meios, na maioria, são políticos. E o que é mais engraçado ainda, é que o STF não julga tais irregularidades, embora saiba que por trás dos ditos patrões, estão os outros: Os senhores encastelados em cargos públicos municipais, estaduais e federais.

Se formos olhar a coisa sem a emoção do impacto todo, descobriremos, talvez até constrangidos, que a atitude de Gilmar Mendes, foi tornar claro o que já acontecia, (claro, que dentro desse contexto). Exercer o jornalismo, cumprir o nosso papel social com dignidade... Ai, ai... Se for para estranharmos, estranhamos muita coisa. E se partirmos para a indignação, há muito do que se indignar. Com todo respeito à arte culinária, discordo de Gilmar. Em primeiro lugar, estimular paladares e os apetites do corpo, não é algo igual a estimular o conhecimento e o discernimento humano. Todos nós sabemos da importância do pensamento, da construção da palavra, do compromisso com a informação.

A culinária a que ele se refere, o cozinheiro de que ele trata, não chega, com a sua criatividade ou sua arte, a todas as pessoas. Ele está nas grandes cozinhas e entre elas, nas cozinhas de Brasília. E que contribuição teria para a vida do sujeito, uma comida elaborada? A não ser como estimulante momentâneo do prazer? Que interferência na realidade de quem come o velho e habitual feijão-com-arroz, terá a arte culinária? Eis aí meu primeiríssimo estranhamento: qual é o propósito da produção do cozinheiro e qual o propósito da produção jornalística? Para mim há diferenças e é por isso que estranho. E então, sr. Gilmar, pulamos ou não pulamos, despenhadeiro abaixo? É a questão que se coloca. O que fazer agora?





Comentários

  1. Seu estranhamento é comum ao meu. O senhor Coveiro, vulgo Gilmar Mendes, fez com que a comunicação brasileira retrocedesse depois de 40 anos de luta e resistência. Se antes os barões da comunicação já faziam a festa, o que dirá a partir de agora. Como ficam as garantias trabalhistas? e o pior de tudo: os movimentos sociais terão mesmo voz nas grandes empresas hegemônicas?

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  2. Há controvérsias? Sim, há controvérsias. Há concordâncias? Sim, há concordâncias!!!
    Gorete e Fran, A Queda! pode propagar seus pontos de vista. Façam isso.
    Beijos e, no masss, MÚSICAEMSUASVIDAS!!!
    WWW.macleim.com.br

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  3. Pra mim esse estranhamento nao é mas estranho. Isso não passa de uma lavagem de porcos sujos que querem calar a voz dos que apenas lutam diariamente pelo direto e o dever da comunicação em massa.Quem agora defende a voz e a impoe? a voz ativa, a voz que luta!!

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  4. Tia Goretti, saiba que não estão sozinhos nessa. A minha área também é bem "prostituída" (como nós falamos). Falam que nada vai mudar, que as empresas vão continuar buscando pelos bacharéis, mais sabemos que nesse país, principalmente em nosso estado, os grandes sempre querem pagar menos aos seus empregados... e é nesse momento em que ter o "canudo" ou não fará a diferença. Só espero que eu mesmo esteja BEM errado.
    Agradeço pela força tia. Gostei muito da charge do Ranieri.

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  5. Olá, Blogueira! Obrigada pela visita ao meu blog (inclusive nunca mais postei)! Pelo q vi rapidamente o seu está rico de palavras e infelismente estou trabalhando não poderei explorá-lo agora! Bjocas

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  6. Recomendo... http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilmar_Mendes

    ;o)

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