Sagrados, como o fogo de Prometeu
O lírio eucarístico veio da casa da minha infância, assim como vieram estórias que se tornaram história e que guardo até hoje. Minha avó materna tinha o dom, aquela coisa mágica, de não deixar nada morrer, de trazer o passado para o presente. Convivia-se com a maravilhosa presença dos que moravam distante, dos que haviam partido desta para outra melhor e daqueles, digamos, "bem antepassados". Todos eram alimentados por passagens contadas por ela, minuciosamente, onde antigos diálogos eram revividos – os que presenciara e outros, que sabia de ouvir dizer pela sua mãe -, sobre tipos físicos, as idiossincrasias, as opiniões de cada um, as atitudes e reações diante dos fatos da vida, suas maneiras e gestos. A recorrência neste caso é uma dádiva, quase e por vezes mesmo poética e fantasiosa, que torna heróis e heroínas nossos familiares. Traziam-nos, pois, no dia a dia e para estar conosco nas comemorações da Semana Santa, nas celebrações do mês Mariano, nas festividade