O ataque do cão branco: um sonho

Cães de diversas raças invadem a cozinha.
Lugar às avessas, mal cuidado, com porta e janela que deixam -me ver um confuso quintal ensolarado, onde pessoas desconhecidas, de uma mesma família, oferecem certo tipo de serviço. Não sei o que busco, mas, o que quero, percebo, é produzido lá fora. 

Os cães são afastados, mas a porta continua aberta. Próximo de onde estou, uma cadeira pode me servir de escada - antecipo a precisão de proteger-me -, e subirei à mesa, se preciso for. Temo a ferocidade de um enorme rottweiller que, ameaçador, me fita. Sou vista por outros cães, que vêm em meu encalço. Alguém os põe para fora. Eis-me sozinha. Todos somem dentro do quintal.

Branco, inesperado, trai-me um cão enorme, avançando sobre mim. Defendo-me com o braço direito e recebo a mordida que deixa suspenso no ar o animal. Não grito, embora doa-me sua mandíbula cerrada, doa-me o susto e o medo. Não sangro. De súbito o cão cessa o ataque e vai embora. Jovens rapazes entram no local. Ninguém está preocupado com o que aconteceu comigo. 

Estou só e alivio-me da dor e do medo. Escapei, e procuro um canto da cozinha para refugiar-me. No entanto, uma mulher doméstica, de meia-idade, descuidada de si mesma, despenteada e mal vestida, me olha com afeto, me busca e limpa minhas feridas, que só então as percebo, na parte interna do meu antebraço, marcado por profundos sulcos deixados pelos dentes do cão. Ela lamenta em meu lugar, meu sofrimento, enquanto eu apenas me deixo ser cuidada.

Maceió, final de outubro.


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