Figurado
Pássaro inocente, cujas asas distanciaram-me o universo e o vôo
Entrou pela minha varanda e brigou com a transparência,
sem entender o vidro da porta,
assim como não sei ultrapassar o meu destino.
Sou eu sim, a subir discretos relevos,
A arriscar-me em rasantes vôos.
Minhas asas feitas em casa, de velhos lençóis sobre os
ombros,
Alça-me até agora sobre a mesa da cozinha,
sobre janelas da fachada,
voando sobre um céu feito de calçada e cimento,
sobre o tempo da memória das coisas.
sobre o tempo da memória das coisas.
Dessas coisas é que me saiu do peito a ave,
quebrantando a limpidez, agora, sem entender a porta.
Sem o refúgio no mistério do vidro, desguarneço.
Perdi-me do mundo do faz-de-conta,
Perdi das asas o vôo tecido em algodão
E os fragmentos pontiagudos transluzidos,
cobrem o limiar da porta,
entre mim e os meus medos.
Para atravessá-la, haverei de dilacerar os pés.
Para atravessá-la, haverei de dilacerar os pés.
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