Sem precisar da lógica para entender afetos
O sol de hoje tá fraquinho. Aparece e desaparece. Olhei pela janela logo cedo, e me lembrei de Ciça, que nem sequer me avisou que ia gazear a faxina. Pois é, gazeou logo ontem quando eu achei de deixar uns quatro pratos sujos pra ela lavar. Me dei mal. Não gosto de lavar pratos. Uma vez Raulina me contou uma estória sobre ter ouvido alguém dizer por trás dela: 'lavando prato sempre'. Era uma voz de provocação saída do nada, sem dono. Ela também não gostava desse ofício chato, e eu reclamo sempre, que não aparece ninguém para elogiar um prato que a gente lava bem lavado. Não aparece. Ciça me deixou na mão, desligou o celular durante o dia todo de anteontem e de ontem, que era pra não ser incomodada. Eita, que mulherzinha cheia de astúcia, aquela. Outro dia peguei a danada mentindo descaradamente. Tava trabalhando aqui em casa e dizendo a alguém pelo telefone que estava no médico. Botei meus sentidos de molho e entendi que ela mente pra mim também. Por que teria que ser diferente