Festa de Bom Jesus dos Navegantes em Pão de Açúcar
Artistas e músicos se encontram e fazem festa alternativa
Todos os anos, Pão de Açúcar, cidade localizada no semi-árido alagoano, distante 230km de Maceió, festeja a tradicional Festa de Bom Jesus dos Navegantes. Com o número de turistas que tem aumentado sempre a cada evento, a Cidade Branca, como é denominada, tem também pequenos bares, onde além de inúmeras pessoas, músicos, poetas, artistas e jornalistas conterrâneos se encontram e fazem sua festa paralela e alternativa.
Todos os anos, Pão de Açúcar, cidade localizada no semi-árido alagoano, distante 230km de Maceió, festeja a tradicional Festa de Bom Jesus dos Navegantes. Com o número de turistas que tem aumentado sempre a cada evento, a Cidade Branca, como é denominada, tem também pequenos bares, onde além de inúmeras pessoas, músicos, poetas, artistas e jornalistas conterrâneos se encontram e fazem sua festa paralela e alternativa.
Os bares vão sendo consagrados por apresentarem uma proposta diferente de diversão. Isso se caracteriza pela natureza democrática com a qual os freqüentadores deixam de ser apenas receptores/consumidores das músicas (os que dançam e cantam acompanhando o show de artistas que cantam sobre os grandes palcos montados na rua). Nesses bares, ao contrário, os que querem, se integram e fazem seu próprio show, de modo bem pessoal, espontâneo e cheio de criatividade. Artistas e cantores se revezam, cada um com seu estilo e seu gênero musical distintos. Canta-se e toca-se de tudo: Violões, flauta, sax, zabumba, ganzá, pandeiro. Em Pão de Açúcar não faltam artistas nem músicos de qualidade.
É um show genuíno marcado pela diversidade musical, pelo improviso, pelo direito de qualquer um poder mostrar o que sabe fazer (e até o que não sabe), já que artistas e não-artistas se misturam, cantam, se divertem. Os freqüentadores fazem do evento uma grande festa. Sem contar que é possível além de beber, cantar e dançar, bater um bom papo. Tudo acontece num crescendo e há momentos de grande euforia, quando entre outros, músicos como Jucélio, Wilbert Fialho, Bozo (os dois últimos integrantes do saudoso Grupo Poeira Nordestina), todos conhecidos na capital alagoana, dão um show de interpretação. Sem contar que todos têm o privilégio de cantar sendo acompanhados por eles, em seus instrumentos.
Ano passado na mesma ocasião, preferi dar ênfase aos aspectos da festa que acontece nos espaços abertos. Salientei o caráter repetitivo, a mesmice, a euforia e o prazer imediatos, o engessamento dos jovens que consomem produtos que lhe são oferecidos: músicas sem conteúdo ou se considerarmos o conteúdo vemos o mau gosto, a banalização das letras, a pobreza musical. Mensagens deturpadas sobre liberdade, respeito e auto-estima. Retorno à velha conversa polêmica sobre a cultura massiva e entre outros pormenores, sobre a alienação cultural e social. Se mergulhasse nessa questão teria que levantar questionamentos que envolveriam conceitos sobre o que é popular e o que é popularidade, só para começar. Isso fica para adiante.
Dessa vez voltei para casa, alegre da minha terra, dos meus conterrâneos, gente simples, artistas, e não artistas, músicos e não músicos, poetas, jornalistas, desse povo que tem em comum a Terra de Jaciobá, Pão de Açúcar, a Branca Cidade, a Mãe de onde todos nasceram. Nós; os filhos todos que somos. Lá estão o Bar de Geo e a Toca do Índio. São quase vizinhos e ambos têm a vista voltada para o Velho Chico. Ficam a poucos metros de onde estão os grandes palcos, com aquelas indumentárias todas. São, sobretudo, locais marcados pela simplicidade. Uma simplicidade extrema, mas que têm se consolidado como duas grandes referências, para quem quer a alegria do encontro com os amigos, com a arte e a cultura paodeaçucarense.
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