À poesia alagoana, a música de Mácleim
A costura poética da arte alagoana
CD Esses Poetas - Gravado no Estúdio Carioca - Rio de Janeiro/RJ, 2007
Lançamento: 19/09/2012
Capa do CD |
A primeira vez que Mácleim pisou em um palco formatado para espetáculos foi na época dos Festivais Universitários. Foi o Teatro Deodoro, o ventre que concebeu a sua vocação e sua meta. Mas, se for para falar em trajetória, foram os idos anos 70 que o introduziram na música, quando ainda adolescente se apresentava em grupos de baile.
Da época dos vinis e com o maior prazer, o artista tem a felicidade de ter uma
música no antológico LP do III Festival Universitário de Música (D.C.E. UFAL).
Em seguida, o grupo Beira Banda da Lagoa, do qual era integrante, gravou um
Compacto Duplo, com uma canção sua. Mácelim tem 3 Cds lançados. Dois deles na
Europa. Pananbiverá (1998), lançamento do selo francês Bongo Records e Internet
Coco (2001), pelo selo suíço Soluar. Ao Vivo e Aos Outros (2006) foi um
lançamento independente, pelo selo Batuta. Suas canções estão em inúmeras
coletâneas no Brasil e em discos internacionais. Só para registro, por exemplo,
no Montreaux Jazz Off.
O artista Mácleim |
A sensação de
que estava se tornando repetitivo, nas letras e em seu discurso, foi a semente
da ideia, que plantada há 12 anos brotou agora com, Esses Poetas, o seu novo
CD. Àquela ocasião o artista pediu ao poeta Otávio Cabral um poema de sua
autoria, para que pudesse musicar. Mácleim fará hoje à noite, o esperado
lançamento do seu trabalho. Nele, o artista vai mais adiante, juntando
preciosidades poéticas à sua poesia musical, talentosa e refinada. Caminhante,
foi o primeiro poema, a ser musicado por ele. Durante esses anos aconteceram hiatos
não planejados, passos lentos, vagareza, mas seguindo sempre, até que o
surgimento daquilo que aos poucos foi sendo delineado como um projeto, diga-se,
de grande ousadia, fosse concretizado: Musicar poetas alagoanos para fazer um
CD. Com exceção de Jorge de Lima, e alguns outros de maior musculatura, Mácleim
percebeu que pouco sabia da produção lítero-poética em Alagoas.
Foi o poeta
Sidney Wanderley quem fez a apresentação de outros poetas alagoanos ao artista.
As escolhas dos poemas e poetas são bem pessoais, baseadas em amizades, sem que
se perca de vista a qualidade poética. Mácleim-Caminhante caminhou mais. Seu
amigo Pedro Cabral, arquiteto, seu interlocutor nesse projeto, poeta e
artista-plástico, o presenteou com um de seus quadros. Daí, mais uma ideia
surgida para Mácleim que a introduziu ao projeto.
Distendido, além das palavras e da música, ele ganhou, literalmente, cor, forma e consistência. Simbiose completa. A partir dos poemas e das composições musicais propostas por Mácleim, Pedro Cabral criou trabalhos de muita força, expressividade visual e plasticidade, em telas de 1,00mX1,30cm, que se atrelam ao lançamento do CD. Expostos, os de 13 quadros realizam a interpretação feita de imagens apresentadas como signos sentimentais, que extraídos da poesia musicada, se incorporam numa profusão de novos sentidos dentro de uma nova leitura, surgida dessa grandiosa costura poética.
Distendido, além das palavras e da música, ele ganhou, literalmente, cor, forma e consistência. Simbiose completa. A partir dos poemas e das composições musicais propostas por Mácleim, Pedro Cabral criou trabalhos de muita força, expressividade visual e plasticidade, em telas de 1,00mX1,30cm, que se atrelam ao lançamento do CD. Expostos, os de 13 quadros realizam a interpretação feita de imagens apresentadas como signos sentimentais, que extraídos da poesia musicada, se incorporam numa profusão de novos sentidos dentro de uma nova leitura, surgida dessa grandiosa costura poética.
O CD é
primoroso e não poderia ser diferente. São 13 os poetas alagoanos: Arriete
Vilela, Ledo Ivo, Jorge de Lima, José Geraldo, Edvaldo Damião, Jorge Cooper,
Gonzaga Leão, Maurício Macedo, Sidney Wanderley, Diógenes Junior, Otávio
Cabral, Ronaldo de Andrade e Paulo Renault. As composições de Mácleim,
harmonizadas sob justa forma à poesia, garantem alimento nobre à alma da gente.
Alagoanidades boiando à flor da pele, interdiscursivas, que dispostas na dose
certa, contarão com a magia das palavras, da musicalidade, na voz e na
sensibilidade de Mácleim, somadas as participações especiais de Leureny Barros,
Clara Barreiros, Wilma Araújo, Júnior Almeida, Quarteto Pau Brasil, Fernando
Melo, Chau do Pife e Cantoras do Pastoril Menino Jesus da Cambona e aos excelentes músicos que o acompanham. Por fim, a
poesia dos pincéis de Pedro Cabral, que intimidará e aprisionará nossos olhos.
Uma noite
assim, é certo que nem as musas gregas, inspiradoras da criação artística à
sede da alma humana, gostariam de perder. É certeza que em meio aos presentes,
e ao lado das musas, disfarçada, Minerva, a deusa romana, protetora das artes,
confirme com sutileza e maestria a sua própria sensibilidade, movendo em nós
nossos aplausos, distribuindo arrepios e enchendo nossos corações finitos e
mortais com a infinitude do mais completo êxtase divino.
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