Meia-idade
Entardeço acumulando primaveras e flores,
com a modéstia senhoril de uma jardineira,
que entendeu das cíclicas estações os enredos:
como o encharcar de begônias o excesso de zelo,
como ver na brincadeira dos ponteiros
do relógio, os números do tempo sobre os jardins.
Um gato preto roça o rabo por entre as minhas pernas e mia
Maria Emília que engelha murchando como um maracujá,
quer despejar em minha casa as novidades da rua
e encher meus ouvidos de pecaminosos vexames.
Queria fazer bolhas de sabão,
com as artérias do mamoeiro acolá,
para me livrar de maledicências e afugentar mesquinhezas.
À narrativa do instante perturbo o que fui em menina.
Movo, com o dedo indicador, pedaços de infância que trafegam na poeira de um facho de luz,
e entram em diagonal pelas fendas da porta.
Para me espelhar como gente grande na sala de jantar,
Deixo-me cravar pela seta de fogo, viro sombra,
e me meto, impreterível,
no rumo de pequenas formigas,
que descem em fila indiana pelo pé da mesa.
Eu quero me sentir é como Deus se sente.
com a modéstia senhoril de uma jardineira,
que entendeu das cíclicas estações os enredos:
como o encharcar de begônias o excesso de zelo,
como ver na brincadeira dos ponteiros
do relógio, os números do tempo sobre os jardins.
Um gato preto roça o rabo por entre as minhas pernas e mia
Maria Emília que engelha murchando como um maracujá,
quer despejar em minha casa as novidades da rua
e encher meus ouvidos de pecaminosos vexames.
Queria fazer bolhas de sabão,
com as artérias do mamoeiro acolá,
para me livrar de maledicências e afugentar mesquinhezas.
À narrativa do instante perturbo o que fui em menina.
Movo, com o dedo indicador, pedaços de infância que trafegam na poeira de um facho de luz,
e entram em diagonal pelas fendas da porta.
Para me espelhar como gente grande na sala de jantar,
Deixo-me cravar pela seta de fogo, viro sombra,
e me meto, impreterível,
no rumo de pequenas formigas,
que descem em fila indiana pelo pé da mesa.
Eu quero me sentir é como Deus se sente.
PURA POESIA! QUE COISA LINDA!
ResponderExcluirObrigada, Paulo!!! Valeu pela visita. Volte sempre!!!!
ResponderExcluirSublime!
ResponderExcluirMuito bonito, Goretti. É o acompanhar de um olhar...
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