Perdido

Sou a inteireza de onde te arrebentas em fragmentos.
Por isso a mim consinto trafegar as desagregações dos seus passos errantes.

Perdido estás, e ao teu extravio e a ti, eu te maldigo.

Maldigo-te por ignorares a tua sombra que ti devasta,
e que indignada, perverte e confunde tua fome e tua sede,

que o condena à inapetência e o abandona, mendigo, à mais cruel autofagia.
Tu és vácuo, e eu bendigo o teu vazio, 
único reduto e sentido que de ti resta 
e que me alimenta viva e constante.

Tornei-me saprófaga e nutro minhas raízes dos teus restos,

e me alicerço, incorruptível, no labirinto que ti consome
e que o faz perder-se.

Conheço-te em todos os teus atalhos,
porque ando sobre os teus muros,
e sei de todas as vezes que erras o caminho

Rápido. Percorra-te em todos os lugares de ti
Se ti achares, me acharás...

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