Atravessando essa chuva todinha e nem deixei palavra dentro do inverno. Pior para mim, que por desleixo, comprometo uma estação, sem dizer minhas coisas. Mas elas estão aqui, sentindo. E quando eu digo; coisa, eu quero dizer muita coisa. Nesta casa que goteja palavras soltas, sonhei outras. Por esses dias sonhei duas casas. Eu, numa sala imensa sem reboco, um canto desejoso de sofá e dois abajures. Sim, logo dois. A outra casa nem entrei. Na fachada, salitre, uma bagaceira. Esmurrei a parede, uma força... e abriu-se um buraco. Olhei por ele e pensei, ‘se continuar assim vai cair tudo’. Alertei o dono da casa. ‘Ô, Seu menino, se não cuidar, essa frente vai cair. Pode cair a casa toda, viu?’. Nesse tempo o silêncio me fala sobre inexatidões. Dos dias chuvosos saíram estopins de bombas e notícias, a maioria tão tristes. Cheiro de pólvora, não. Nem senti. Senti alguns medos, coração disparado, uma dorzinha aqui de um lado. Depois saudades, depois lágrimas, depois, amanheci com alegrias.
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