Zeneto: o telegrafista que virou cronista
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Conversei em entrevista com José Peixoto Noya, conhecido como Zeneto, que lançou no último sábado, 23, o seu primeiro livro de crônicas, intitulado: O Marechal que Virou Major. Natural de Santana do Ipanema, filho de Darras Noya, chefe dos Correios por 30 anos e que tem o seu nome dado ao Museu de Arte da cidade, e de dona Marinita Peixoto Noya, outrora diretora do histórico Grupo Escolar Padre Francisco Correia e uma das primeiras professoras estaduais, o cronista aposentou-se como funcionário público federal. Foi telegrafista do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos, e encerrou a carreira, no antigo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, atual DNIT.
“A “turminha” de Santana na década de sessenta em diante era muito unida, principalmente quando o motivo era falar dos outros em uma boa farra, geralmente no Cabaré de Jaraguá, a única Universidade do gênero em que se valia a pena freqüentar.” (da crônica: Boate São Jorge)
Zeneto começou escrevendo crônicas sem a intenção de ser cronista. Muitos dos seus textos encontram-se no Portal Maltanet, que tem oportunizado espaços em seu site, aos conhecidos talentos da cidade, além de revelar outros. A ideia de publicá-las surgiu naturalmente.
O autor, como todo bom cronista, lança múltiplos olhares sobre temas próprios do seu tempo, registrando histórias pitorescas de pessoas reais, que se tornam através da literatura, personagens principais de casos hilariantes, reveladores, frutos da construção do ser humano.
Sua crônica tem o poder de requisitar e extrair do cotidiano, figuras que nasceram, trabalharam e viveram sua existência, principalmente em Santana do Ipanema, como o palco que abrigou as inúmeras vivências, que sem serem colhidas e transformadas em livro, passariam silenciosas sob o manto que esconde idiossincrasias; essa forma de ver, de reagir e sentir de cada um.
A leitura dos seus escritos concede ao leitor entrar pelos recortes feitos da memória. Seus relatos pontuam parte da história santanense exposta à temporalidade, esculpidos nas ações do povo da sua terra, numa abrangência tal que inclui os mais diversos setores sociais da cidade. Zeneto traz para o presente a vida de conterrâneos, seus serviços prestados à comunidade, e nos coloca ao mesmo tempo, dentro desses lugares, agora, atemporais.
Para o autor, o livro tem essa missão: a subversão do tempo, como objeto de recuperação de cenas prosaicas da vida cotidiana, através da edição de feitos e casos passados. O cinturão, Mané Buchudo, No Fim do Fio do Espinhaço, são algumas das crônicas do autor as quais li recentemente. Tratam de histórias que envolvem lembranças parentais, de funcionários públicos e amigos. São entremeadas de detalhes sobre o funcionamento de repartições, datas, cenários.
Zeneto, enfim, nos contempla e compartilha conosco do vigor da sua memória, com a história, e nos deleita com suas saudades, que nos tomam, deliciosamente.
Vale a pena conferir!
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