Anilda Leão, sob nossos aplausos
A plateia: O espetáculo chega ao fim e ela se curva lentamente,
agradecida. Mulher inteligente, de múltiplas facetas intelectuais, eu
testemunhei de Anilda Leão, a atriz em movimento, indo com uma amiga,
que fazia parte do elenco, aos ensaios da peça: Onde Canta O Sabiá, e
posteriormente à sua estreia, levada aos palcos pela Associação Teatral
de Alagoas, ATA, no início da década de 1980, se não me falha a memória.
Lembro-me bem de uma cena ensaiada por ela, que cantava acompanhada por
um piano, a música: Gosto que me enrosco.
Anilda é uma dessas pessoas que nunca vão embora. O que é partir para
alguém como ela, senão uma brincadeira de esconde-esconde que a morte
faz, quando fecha a porta da nossa visão e nos priva de ver alguém
presencialmente? Sua pessoa, suas palavras, sua escrita, transcendem a
ausência e dão prosseguimento à sua existência. Simbiose, entre ela e
nós, que a estende, infinda, para os que folheamos as páginas onde os
seus sentimentos se deixam compartilhar conosco, e nos preenche e
transborda da sua poesia e da sua presença.
Eis a escritora... Em um ínfimo recorte...
Otimista: “Que seria de nós sem a esperança? O sol nasce
todos os dias para nos ajudar a viver e nós não temos o direito de nos
voltar para o escuro se temos ao dispor tanta claridade.”
(Extraído do livro: Eu em Trânsito, 2003) Seriam estas algumas das
exatidões que ela recolheu no próprio ventre e escreveu com toda
autoridade, no Soneto da menina que fui?
Observadora de tipos humanos: “O caboclo despejou os olhos
gulosos pelo corpo da moça numa carícia muda. Ela, vendo que ele
avançava, ergueu-se bruscamente, empurrando-o pela porta.
-Vai, Mané, te encontro às quatro horas no pé de trapiá.
O homem ainda lhe sapecou um beliscão na bunda e saiu assoviando pela ruazinha estreita. Ana Rosa murmurou sorrindo:
- Cabra safado... (Conto: Cabra Safado)
-Vai, Mané, te encontro às quatro horas no pé de trapiá.
O homem ainda lhe sapecou um beliscão na bunda e saiu assoviando pela ruazinha estreita. Ana Rosa murmurou sorrindo:
- Cabra safado... (Conto: Cabra Safado)
Brilho de primeira grandeza, sem dúvida: Ela soube fazer acordos com o
tempo e perdurará sendo contada pelas letras e versos escritos pela sua
história. As cortinas reabrem. Uma claridade forte e incandescente se
espalha sobre a plateia que prestigia os palcos das artes e da cultura
das Alagoas. É a Luz poetizada de Anilda Leão que recebe nossos
aplausos!
Que Deus ilumine esta alma de artista ,e que em outros palcos ela faça-se brilhar ainda mais, como um estrela, iluminando a nossa Alagoas!
ResponderExcluirLindas palavras, Goretti. Aliás, gostei muito do seu blog.
ResponderExcluirBeijo.