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Mostrando postagens de 2011

"Salve, salve Pão de Açúcar, salve a Terra da Cultura"

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Pão de Açúcar - Foto: Goretti Brandão As portas da Escola Estadual José Soares Pinto estarão abertas hoje, durante todo o dia, para exibir a exposição de trabalhos de artistas da Cidade Branca. O feito, organizado por alunos do curso médio, é o resultado do Projeto Feira Cultural: “Artistas da Nossa Terra”, que tem como objetivo tornar conhecida a produção artística, que abrange as diversas modalidades da arte e da cultura paodeaçucarense. Conhecida por ser o berço que embala gerações e gerações de músicos, poetas, pintores, escultores, escritores, as ações de vulto destinadas à promoção da cultura pararam lá atrás, em 2004, com o lançamento do livro: Terra do Sol, Espelho da Lua, do escritor Etevaldo Alves Amorim e a reedição: Pão de Açúcar: História e Efemérides, da autoria de Aldemar de Mendonça, pai do poeta Marcus Vinícius, revisada e ampliada, também por Amorim. Há, no entanto, um registro anterior. Em 1999, quando do lançamento do livro: Pão de Açúca

Um olhar sobre o envelhecer - 2ª Parte

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Dando seguimento ao texto sobre o envelhecer, volto à importância do tipo da colheita a ser feita enquanto se caminha pela vida. Alguns, apenas quando são empurrados para a estação invernal é que se apercebem que as mãos estão vazias, que aquilo do que se necessita, após tanta andança, foi por eles desconhecido. A maioria sente a falta e a angústia de não saber nem o que está faltando. Recorro à mitologia grega como suporte à construção e evolução do texto. O mito grego de Perséfone, diz que a bela jovem, filha de Deméter e Zeus, vivia alegremente e despreocupada com o que quer que fosse, colhendo flores sobre a terra, até que Hades, o deus do mundo dos mortos, apaixona-se por ela e consegue raptá-la, levando a moça para a sua morada. A leitura dos mitos gregos, quando se considera que o berço cultural do ocidente está na Grécia antiga, é uma maneira interessante de buscar entender os estereótipos ou lugares-comuns nas reações humanas, reproduzidas através dos tempos. Ob

Caminhando pelos outonos e invernos da existência

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Um olhar sobre o envelhecer Um dia a gente passa em frente ao vidro espelhado de uma loja, em um centro comercial, e sente o impacto: não somos mais os mesmos. Mudamos. A sensação que se tem é a de que estamos em um corpo errado. É como se uma máscara, revestindo a nossa pessoa inteira, estivesse escondendo e roubando a imagem que até então era a nossa identidade; o eu-sou-este (a).  Somos pegos de surpresa, porque ainda que tenhamos a mente cheia de idéias e projetos, acontece uma grande confusão: a pessoa de dentro começa a não combinar com a imagem projetada no exterior e o próprio corpo dá indícios de que a vigência física começa a declinar. Sequer somos convidados a entrar no processo. Neste sentido não há escolhas. Há sim, um caminho a percorrer, como outros percorridos tempos atrás, quando passamos de emb

Misturando povos: o sertanejo alagoano ao chinês da Ilha de Taiwan

Um pensamento, talvez mestiço... Nem tão longe, nem tão perto, a depender do ponto de partida, mas distante alguns quilômetros da capital alagoana, diferenciado pela mudança de clima, que é uma determinante na diferente paisagem, o sertanejo que vive nos rincões, expostos à luz do sol quente, como se costuma dizer por aqui, é um sujeito sem meio termo: Sebite, falador joga o seu palavreado, comum aos costumes da sua região e da sua gente, é um sabe-tudo. Há, porém, o acanhado e quase mudo, que esconde a fala, e compensa o silêncio rindo muito em resposta àquilo que ouve, além de conservar por anos a fio, um olhar para baixo, que não ultrapassa a cintura do interlocutor, até o dia em que se sinta confiado e igual, para olhá-lo da cintura pra cima. Conheço e convivo com os dois tipos. Ambos se aprontam para irem à feira na ‘rua’. Na cidade, um teatro de marionetes atrai o homem simples, d

Confirmando o DNA: Gal, Dália e Ludmila Monteiro

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Gal Monteiro e suas filhas, Ludmila e Dália, se apresentam hoje, no Projeto Palavra Mínima, no palco do IZP, com o espetáculo DNA. Extensa, a entrevista com a artista pode não obedecer aos critérios textuais da mídia internet, mas é impossível preservar no texto o essencial, quando tudo por si só, nele, já é essência. Convido os amigos do Ensaio Geral à deliciosa leitura... 1- Gal, as diversas expressões artísticas sempre interagem entre si. Possivelmente, porque lidam em essência com um princípio comum a todas elas, e que brota daquilo que sai da alma do artista, como sendo uma resposta àquilo que entra em contato com a sua alma, vindo de fora ou daquilo que está em sua alma e interage com o exterior, com o mundo, e que encontra nele o canal de materialização da arte. No entanto cada expressão para cada forma de arte tem sua identidade própria. Como é que você, Ludmila e Dália conseguem trazer para o palco a interação entre duas identidades artísticas? R- Eu sempre estive l

Gal Monteiro & Ludmila, amanhã, no Teatro Linda Mascarenhas

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Gal Monteiro O Projeto Palavra Mínima apresenta amanhã, sexta-feira, 16, às 20h, o espetáculo: Gal Monteiro & Ludmila em "DNA". Em entrevista, Gal fala sobre o trabalho artístico compartilhado entre ela, Ludmila e Dália, também sua filha - e que tem participação especial no show -, sobre sentimento, sensibilidade, herança artística, em como a arte transita livremente, prolifera, se mistura e preenche os espaços onde as relações de amor familiar são construídas e alicerçadas entre elas.  Uma excelente conversa que trago para o leitor, amanhã, aqui no Ensaio Geral. Aguardo vocês!

Noite de dezembro

Sinto o cheiro do Natal todos os anos. É um cheiro que guardo comigo desde a infância e que volta por essa época. Nos meus registros sensoriais, o tempo, todo ele e a todo tempo, exala aromas específicos. Aromas sagrados, que têm o poder de me conduzir e iniciar nos mistérios natalinos. Retorno por dentro das minhas lembranças, até chegar aonde quero ir, e  aqui estou:  A sala irradia a luz dezembrina. Deve ser a das nove da manhã, essa hora que traz a minha avó do seu quarto, carregando uma caixa grande de papelão. Estamos eu e meus irmãos, crianças, a sua volta. Um grande galho seco, cheio de hastes por ela escolhido, acha-se posto dentro de um jarro pintado de dourado. Estou diante do que será a nossa Árvore de Natal. Todas as extensões da planta estão cobertas de algodão. Aberta a caixa, suas mãos habilidosas e pacientes retiram do seu interior, luminosas e delicadas bolas natalinas. A curiosidade cresce - a gente, meninos e meninas -, delira querendo pegar as coisas e aju

Pequena história noturna

Havia conhecido a moça em minha terra. Bonita, a gaúcha era alta, loura, bem vestida e aparentava ter 30 anos. Não sei por que, levou-me à sua cidade. Não tinha quem o dissesse, mas era pobre e periférica. O que tinha e de sobra era a altivez de gente nobre e fenótipo de manequim. Em sua casa desorganizada onde tudo era uma descompostura da ordem, me recebeu a sua mãe, uma mulher desajeitada e nada parecida com a moça. Hospedaram-me muito bem. Eram atenciosas e diligentes o tempo todo. À noite, da sua casa localizada em um morro, olhamos eu e ela, a cidade, os prédios iluminados e os carros. À visão daquele mundo, outro, não lhe disse nada, mas desejei estar ali, longe que estávamos daquele tipo de vida. Como se tivesse lido os meus pensamentos, ela me disse que aquilo que víamos não era importante. Concordei por educação. Não tardou e apareceu um rapaz desconhecido que eu sabia, viera da minha terra, que ao contrário da moça que tão bem me acolhia, tinha-me antipatia. Perseguiu-me.

Entrando em outras dimensões

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Ilustração: Goretti Brandão Trouxeram a menina que adentrou na casa com um vestidinho azul-marinho, estampado com bolinhas brancas e de alcinhas vermelhas. Uma graça. Magrinha e dona de dois grandes olhos, os cabelos chegavam à cintura, escorridinhos pelas costas e bem escuros, foi logo esboçando um riso sem dentes à mostra, apertando os lábios numa falsa timidez, que se confirmaria em alguns minutos. Entreolharam-se, ela e o menino, e se reconheceram amigos, praticamente inseparáveis, assim, unha e carne, comemorando o encontro em carreiras desembestadas. Ambos com cinco anos estavam dispostos a percorrerem o mundo da imaginação por eles conhecido. Eram cúmplices. Via-se pelas intenções que afinavam, para desembaraçar a realidade e construir outras, paralelas e prenhes de novidades, todas prontas a funcionarem, e muito bem, obrigada. O corredor comprido e largo virou campo de futebol, onde os dois jogavam a bola para o gol dentro da rede fantasma, que só eles sab

O Grande Poder do Mestre Verdelinho

"A terra deu, a terra dá, a terra cria, Homem a terra cria, a terra deu, a terra há" Simplória e bela, cheia de céu, como uma grande estampa de chita, que veste a cultura popular, uma estrelinha que vem e vai embora e que torna a aparecer no dia seguinte, caminha pelo espaço poético de Verdelinho. Outras estrelas, maiores ou miudinhas, aparecem e trocam de lugar com outras mais apagadinhas. Surgem as batatas de manivas, que ajudam a reforçar os sentidos que constroem e reconstroem os ciclos da germinação. Há o orvalho que molha o chão, pontuando a manhãzinha, há insetos e há o homem: criatura dentre outras que nascem do ventre da Terra. A ideia de redondeza delimitada pela simplicidade de como se vê a vida, torna conhecidas as possíveis dinâmicas reproduzidas pelo universo inteiro, suficiente e metafórico – intuicionista – no microcosmo que a Terra passa a representar, e modela-se na sua vitalidade de mãe. A Mãe Gaia, a que

Grande Poder, a poesia de Verdelinho

Grande Poder O nosso deus corrige o mundo pelo seu dominamento sei o que a terra gira com o seu grande poder grande poder com o seu grande poder. a terra deu, a terra dá, a terra cria homem a terra cria, a terra deu a terra há a terra voga a terra dá o que tirar a terra acaba com toda má alegria a terra acaba com o inseto que a terra cria nascendo em cima da terra nessa terra há de viver vivendo na terra que essa terra há de comer tudo que vive nessa terra pra essa terra é alimento deus corrige o mundo pelo seu dominamento a terra gira com o seu grande poder grande poder, com o seu grande poder o nosso deus corrige o mundo... porque no céu a gente vê uma estrelinha aquela estrela nasce e se põe as 6 horas quando é de manhã aquela estrela vai embora tem uma maior e tem outra mais miudinha tem uma acesa e outra mais apagadinha seis horas da noite é que pega a aparecer quando é de manhãzinha ela torna a se esconder só de noite el

Arte alagoana exibe qualidade e beleza no espaço do IPHAN

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Com diversidade de temas e técnicas, a exposição de trabalhos dos artistas alagoanos, revela criatividade apurada Perivaldo Figueirâ e Darcy Farias Aberta à visitação pública até fevereiro de 2012, podendo ser prorrogada, o IPHAN deu início na quinta-feira, 1º, à exposição coletiva Arte Alagoana, em seu espaço destinado para exposições temporárias. Trabalhos de artistas com técnicas e temas diversos enchem o salão de cores e formas e têm como principal objetivo atrair a atenção dos novos visitantes à cidade, divulgar a produção das artes plásticas de Alagoas, além de levar ao local, os que apreciam eventos dessa natureza. A realização do evento foi uma ideia da artista plástica Darcy Farias, que expôs uma individual: A volta a Jaraguá, no IPHAN. Quando soube da desistência por parte de outro arti

Sentir para mim é encantamento

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Sexta-feira ensolarada. É bem provável que o dia avance dessa forma. Manhãzinha, chuva desproposital e de pouca molha, levantou um cheirinho de terra aguada. Acordo. Estou viva. Quero escrever, mas as palavras fugiram de mim, como fazem de vez em quando. Tudo que vejo é simplesmente tudo o que vejo e apenas o que vejo. A alma das coisas se esconde e meus olhos apenas refletem a vida sem mergulhar nela.  Preciso da permissão do que existe por dentro do que se vê, para entrar naquilo que não se vê. Pensar sobre árvores, sobre a chuva, sobre a mulher que passa na rua catando lixo, me obriga a senti-los. Sentir é encantamento, talvez delírio, porque não me basta pensar sobre o que está claro: a árvore, suas folhas, sua raiz. A chuva que molha, a mulher que necessitada, cata restos nas lixeiras.  Quero sentir a partir das imagens. Por isso é que me arrisco a sair do lugar de dentro de mim onde sou confirmada, para emprestar valor àquilo que, disposto, é quase sempre lido p

O morto-vivo

Este homem que encontro todos os dias, acha-se deitado sobre o chão da rua, esperando que as pessoas passem sobre ele, como se fora, ele mesmo, um quase morto. Não aprecia o contato com os outros ou com o mundo dos vivos. Passa-se como uma coisa qualquer, um sem-mãe que seja ou que nunca haja tido uma para ensiná-lo a vida. De outro modo não haveria sido o que se tornou: uma pessoa desprezível no mesmo grau e medida que despreza os outros.  Vi-o, como sempre o vejo e por essa razão não cogitei perguntar por que se acha ali, estendido, barriga para cima, com um olhar vago de quem não sente, não aprecia nada e nem ama coisa alguma. Para que confirmar o que eu já sei? Há dias para os que passam, mas há anos a mim, que já o venho sondado, que a sua vida é um restinho de respirar, ler coisas que se refiram a desejos fortuitos e seus apenas, e mover-se em torno de assuntos redundantes sobre novidades que o mantenham cada vez mais, em apurado narcisismo. Tenho-lhe pena, confesso. Mas,

A noite que mora na gente

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Meio atordoada Emília acordou e viu que a tarde estava indo embora. Esfreguei os olhos, saltei da cama, a casa escuuura. Saí do quarto e fui acendendo as luzes. Primeiro a do corredor, depois a da sala, a da cozinha e a do lado de fora. Olhei as buganvílias que Adilson cortou na semana passada. Precisava fazer um estrago desses? Aquilo não foi o que se possa chamar de poda, foi destruição mesmo. O chão do jardim cheio de galhos, as flores pendidas e eu com pena das plantas. Pensei: Isso é natureza morta pra valer, e Adilson me perguntando sem nenhum dó, se juntava tudo e colocava na calçada, 'assim dona Emília, sem ‘impatar’ a entrada da garagem'. E aí eu disse que ele calçasse as luvas de jardinagem, primeiro, que buganvília tem um espinho medonho e ele respondeu que é uma dor danada quando a gente se fura,  e foi juntar os galhos. Pois bom. No outro dia, de manhã cedo, fomos eu e Olavo pra capital Hoje, assim que foram chegando  de volta, Emília foi logo percebendo que do

"Ser artista é uma dádiva"

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Cansado de pintar mesmices, Orlando Santos faz brotar dos seus pincéis para as telas, um povo simples, o cotidiano e o regionalismo, através de um estilo pessoal, marcado por tendências cubistas O artista Orlando Santos Homem de estatura mediana, brincalhão e de humor fácil, ele é um dos principais patrimônios vivos de Porto Real do Colégio, terra onde nasceu. É graduado em Contabilidade, sendo que, 31 dos seus 52 anos, são dedicados às artes plásticas. O alagoano, conhecido nos circuitos da cultura local, era ainda um menino de 12 anos, quando começou a pintar. Seus trabalhos já ganharam o mundo. Estão no Canadá, na França e em Portugal. Em Maceió, sua arte pode ser vista em hotéis, órgãos públicos federais e estaduais, instituições, pousadas, consultórios e residências. Minha conversa é com ele. O que é ser um artista? Quais os louvores e as dificuldades em ser artista em Alagoas? Ser artista é uma dádiva, nascemos com esse talento, embora o tempo nos faça reflet