"Salve, salve Pão de Açúcar, salve a Terra da Cultura"

Pão de Açúcar - Foto: Goretti Brandão
As portas da Escola Estadual José Soares Pinto estarão abertas hoje, durante todo o dia, para exibir a exposição de trabalhos de artistas da Cidade Branca. O feito, organizado por alunos do curso médio, é o resultado do Projeto Feira Cultural: “Artistas da Nossa Terra”, que tem como objetivo tornar conhecida a produção artística, que abrange as diversas modalidades da arte e da cultura paodeaçucarense.

Conhecida por ser o berço que embala gerações e gerações de músicos, poetas, pintores, escultores, escritores, as ações de vulto destinadas à promoção da cultura pararam lá atrás, em 2004, com o lançamento do livro: Terra do Sol, Espelho da Lua, do escritor Etevaldo Alves Amorim e a reedição: Pão de Açúcar: História e Efemérides, da autoria de Aldemar de Mendonça, pai do poeta Marcus Vinícius, revisada e ampliada, também por Amorim.

Há, no entanto, um registro anterior. Em 1999, quando do lançamento do livro: Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia. Trata-se de uma coletânea que reuniu a verve poética que vai desde Moreno Brandão, Bráulio Cavalcante, Jovino da Luz, Antônio de Freitas Machado, Zequinha Guimarães e outros nomes, todos nascidos entre 1855/1899 até a poesia mais recente catalogada àquela ocasião, que encerrava seu trajeto em Marcus Vinicius/1937.

Só agora, em 2011, na comemoração dos 400 anos da cidade, aconteceu o lançamento do livro – fico a dever o título - do escritor Hélio Fialho. Como premissa para outras realizações, a literatura local, como a mais contemplada, na cidade, possui registros que servem - além de material para deleite e pesquisa -, como forma de pontuar a produção histórico-literária dos filhos da terra. Mas a arte em Pão de Açúcar é transpiração, também, através de outros poros.

A pintura, o desenho, a escultura, a musicalidade, fazem parte dos que vivem à beira do Velho Chico. E é a diversidade da arte que faz do lugar um dos celeiros mais profícuos do sertão das Alagoas. O Projeto, Artistas da Nossa Terra, reúne biografia, trabalhos, fotos dos artistas homenageados, e os expõe ao público. Iniciativa que poderia se tornar tão viral, atingindo as cidades alagoanas, quanto às ações que se propagam pela internet, pela importância que tem.

O evento de hoje, busca levar as pessoas a olharem para a arte feita em casa, como produto que inscreve na memória, como partilha de todos que vivem a realidade local, impressões sobre a vida e o tempo. Interessante seria que se desenvolvessem projetos objetivando incluir em matérias como: Geografia, História, Língua Portuguesa, Literatura, referências aos artistas da terra e seus trabalhos, para que os estudantes pudessem ter contato com a produção artística de sua região.

Dentro da modalidade literária, poemas poderiam ser utilizados para interpretação de textos, nas escolas. Concursos literários, recitação da poesia local. O reconhecimento à arte paodeaçucarense, por si só, demonstra um salto qualitativo no que diz respeito à mudança de viés que observa efervescência cultural na atualidade.

Daí para frente, ações destinadas à legitimação da cultura local, bem traçadas, caberão muito bem, quando o assunto é tornar um hábito, que seja transformado em comportamento cultural e que ocupe a atenção das gerações atuais e futuras, para questões que reverenciem a produção artística e reconheça os artistas locais, como objeto de pertença cultural da comunidade.

Afinal, a máxima de Jesus: “Nenhum profeta é bem recebido em sua terra”, é bem conhecida pelos que materializam os sentimentos através da arte, em suas cidades de origem. Falta valorização e reconhecimento. Para mostrar o avesso, este é o desafio que a Escola Estadual José Soares Pinto, resolveu encarar.

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