O Grande Poder do Mestre Verdelinho


"A terra deu, a terra dá, a terra cria, Homem a terra cria, a terra deu, a terra há"


Simplória e bela, cheia de céu, como uma grande estampa de chita, que veste a cultura popular, uma estrelinha que vem e vai embora e que torna a aparecer no dia seguinte, caminha pelo espaço poético de Verdelinho. Outras estrelas, maiores ou miudinhas, aparecem e trocam de lugar com outras mais apagadinhas. Surgem as batatas de manivas, que ajudam a reforçar os sentidos que constroem e reconstroem os ciclos da germinação. Há o orvalho que molha o chão, pontuando a manhãzinha, há insetos e há o homem: criatura dentre outras que nascem do ventre da Terra.

A ideia de redondeza delimitada pela simplicidade de como se vê a vida, torna conhecidas as possíveis dinâmicas reproduzidas pelo universo inteiro, suficiente e metafórico – intuicionista – no microcosmo que a Terra passa a representar, e modela-se na sua vitalidade de mãe. A Mãe Gaia, a que sendo generosa é geradora de toda a vida. Verdelinho expõe o segredo de tudo o que nos sustenta, porque ele sabe que existe, por lhe ter sido revelado, através da observação feita por um si só, homem simples, sobre e a partir de pequenas coisas.

Ele não precisa prescutar e não o faz. Toda a maravilhosa manifestação da vida que, a si mesma se inaugura, é o bastante para a presença da sua filosofia, como a verdade mais verdadeira, tão às claras que nos encandeia, e que permite que surja e se afirme em sua verve, despretensiosa e limpa. Límpida. Longe de influências das calorosas discussões científicas. À sua contemplação que o faz afirmar que há - não de que deva haver -, um grande poder vindo da própria terra e que a faz criar e destruir e criar novamente assegura a sua certeza e a sua reverência, de que ela também é criatura viva.

Sobre o seu próprio eixo, a Terra gira e o faz, porque tem poder, porque cumpre seus rituais obedecendo às regras do universo. Deu, dá e cria, diz Verdelinho, porque tudo o que vive sobre a terra, e por ela é gestado, é para ela também alimento. Ela tem poder porque tem sabedoria. A de gerir seus ciclos vitais respeitando seus tempos e limites. Poderíamos chamar a isso de rotina, que o homem não consegue suportar ou incapacidade nossa de ver que nada retorna igual sobre a terra, embora assim pareça? Somos nós os capazes de profanar os tempos, o templo e a sabedoria de Gaia, com a nossa insensibilidade.

Mestre Verdelinho se volta para o mundo, que diferente da terra, simboliza os resultados da nossa ação sobre o nosso lar. O mundo é o lar e a Terra é o ventre que deveria habitar em nós, da mesma forma que somos seus habitantes. É para os homens, para o seu mundo feito sobre a terra, e não para a terra, que ele apresenta em sua defesa, um poder maior. Soberano. É um poder capaz de corrigir o mal que a ela infringimos, com a nossa arrogância de poder. Filosofia sim, a do mestre, que derrama sobre seus versos, escrita que parece ingênua, pelo modo como é transmitido pela escrita, a sabedoria singela, de quem honrado, pode ser aquele entendido como alguém que teve a Graça de ter conservado o coração de menino.

Essa é a possibilidade humana, a nossa chave capaz de mergulhar-nos nas profundezas de Deus: O Grande Poder que “corrige o mundo pelo seu dominamento”. Verdelinho deve estar mergulhado lá!

Para conhecer a letra de Grande Poder, visite:
www.apalavraeparadizer.blogspot.com

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