Com quase sessenta
Soledade tinha ido fazer uma faxina no quarto de dona Aurora e vexou-se em pouco tempo de serviço. Encontrou uma caixa de papelão com muito cacareco dentro. Frascos de loção secos, de Leite de Colônia, embalagens de plástico de Leite de Rosa, Charisma, carretéis de linha, mochilas de papel. Oh, mamãe, venha aqui, por favor. Dona Aurora que mexia um doce de leite na cozinha, deu descanso à colher de pau sobre um pires, e sem tirar o avental, caminhou com passos ligeirinhos e sem arrastar os pés até o quarto. A filha, impaciente, quis tirar satisfação sobre aquele troço todo, que à primeira vista, desnecessários, só servia para atrair baratas. Para que tanto lixo guardado, mamãe? Vamos jogar isto tudo fora. Dona Aurora, do alto de seus mais de setenta anos, encheu as ventas de fogo e correu os olhos dentro das órbitas. Mas... encheu-se de calma e sem alterar a voz, explicou coisa por coisa que ali havia juntado. Percebeu com a mesma calma, prêmio daquela paciência aprendida com os anos,
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